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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Grito contra a impunidade
Publicada em 27-01-2010
Dezenas de mulheres ocuparam na manhã de ontem a Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, indignadas com o assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, de 31 anos. Na quarta-feira, ela foi executada com nove tiros pelo ex-companheiro, o borracheiro Fábio Willian Silva Soares, de 30, quando trabalhava no seu salão de beleza, no Bairro Santa Mônica, Região de Venda Nova. O crime foi registrado por câmeras instaladas pela própria vítima, que havia um ano vinha sendo ameaçada de morte pelo suspeito. O advogado Ércio Quaresma entrou ontem à tarde com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça para libertar o borracheiro, preso no Ceresp São Cristóvão.
O que levou as mulheres à Praça Sete, no entanto, foi o fato de a vítima ter registrado oito queixas na Polícia Civil contra o ex-marido, que chegou a ser enquadrado na Lei Maria da Penha e proibido pela Justiça de se aproximar por 200 metros da vítima, mas nada foi feito para salvar a vida da cabeleireira.
Segundo o Movimento Popular da Mulher e a União Brasileira de Mulheres, organizadores do Ato de Indignação contra o Assassinato de Mulheres, no ano passado a Polícia Civil registrou 15.437 queixas de agressões e ameaças na capital, bem mais do que em 2008, que teve 11.505 denúncias, e 2007, com 10.851 ocorrências. As manifestantes simularam um velório na Praça Sete, usando uma boneca. Elas cobriram os rostos com um véu negro, simbolizando o luto pelas várias vítimas que perderam a vida barbaramente.
No ano passado, segundo a Divisão de Crimes contra a Vida, 23 mulheres foram mortas em BH vítimas de crimes passionais. Foram assassinadas na capital 66 mulheres em 2009, o equivalente a 8,1% de um total de 721 homicídios. Em 2008, segundo o chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, delegado Wagner Pinto de Souza, dos 844 homicídios, 66 eram de mulheres (7,8%). Em 2007, foram 998 pessoas assassinadas, das quais 81 mulheres (8%).
Há nove meses, a dona de casa Maria dos Anjos Portela, de 55, tenta esclarecer o mistério envolvendo o brutal assassinato da filha, a operadora de telemarketing Telma Portela da Silva, de 35, mãe de um adolescente de 12. O corpo de Telma foi achado em Juatuba, na Grande BH. Ela morava sozinha e saiu de casa para ir a um salão de beleza, no Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, em BH. “Ela saiu do salão dizendo que ia se encontrar com o namorado, pegou um táxi e voltou para casa. Não sabemos com quem ela saiu de casa”, disse Maria dos Anjos. Segundo ela, a perícia constatou que usaram um objeto cortante para matar sua filha, como uma faca, facão ou foice.
A aposentada Maria da Glória Silva, de 61, do Bairro Lagoa, em Venda Nova, conta que passou 27 anos sendo agredida pelo marido. Ontem, ela foi à Praça Sete para conscientizar outras vítimas da violência doméstica. “Achava que um dia ele fosse parar de me agredir, mas isso não ocorreu. Quando eu vi que ia adoecer, procurei a Defensoria Pública e me separei dele. Há 11 anos, consegui a minha liberdade”, disse. A costureira Ilda Maria de Oliveira, de 69, conta que um ano depois de se casar começou a ser espancada pelo marido. “Ia à delegacia me queixar e eles ficavam rindo da minha cara. Não me esqueço disso. Depois, me separei do marido”, disse a costureira.
Homem detido por maus-tratos
Policiais militares do 39º Batalhão prenderam ontem o vendedor de salgados José Geraldo de Paula, de 45 anos, acusado de manter a mulher, Solange dos Santos Nascimento de Paula, de 30, em cárcere privado, há quase dois anos, numa casa alugada no Bairro Eldorado, em Contagem, na Grande BH. Muito magra e debilitada, a mulher foi levada com quadro grave de desidratação e anemia para o Hospital Municipal de Contagem. Ela não confirmou à polícia que era mantida trancada pelo marido. José Geraldo foi ouvido na 6ª Delegacia Seccional e, segundo o delegado Vitor Kildare Viana Perdigão, ele seria enquadrado no crime de maus-tratos, com omissão de socorro, com pena prevista de três meses a um ano de prisão. O suspeito disse que chegou a marcar uma consulta para Solange, no dia 4, mas ela se recusou a ir ao hospital.
O que levou as mulheres à Praça Sete, no entanto, foi o fato de a vítima ter registrado oito queixas na Polícia Civil contra o ex-marido, que chegou a ser enquadrado na Lei Maria da Penha e proibido pela Justiça de se aproximar por 200 metros da vítima, mas nada foi feito para salvar a vida da cabeleireira.
Segundo o Movimento Popular da Mulher e a União Brasileira de Mulheres, organizadores do Ato de Indignação contra o Assassinato de Mulheres, no ano passado a Polícia Civil registrou 15.437 queixas de agressões e ameaças na capital, bem mais do que em 2008, que teve 11.505 denúncias, e 2007, com 10.851 ocorrências. As manifestantes simularam um velório na Praça Sete, usando uma boneca. Elas cobriram os rostos com um véu negro, simbolizando o luto pelas várias vítimas que perderam a vida barbaramente.
No ano passado, segundo a Divisão de Crimes contra a Vida, 23 mulheres foram mortas em BH vítimas de crimes passionais. Foram assassinadas na capital 66 mulheres em 2009, o equivalente a 8,1% de um total de 721 homicídios. Em 2008, segundo o chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, delegado Wagner Pinto de Souza, dos 844 homicídios, 66 eram de mulheres (7,8%). Em 2007, foram 998 pessoas assassinadas, das quais 81 mulheres (8%).
Há nove meses, a dona de casa Maria dos Anjos Portela, de 55, tenta esclarecer o mistério envolvendo o brutal assassinato da filha, a operadora de telemarketing Telma Portela da Silva, de 35, mãe de um adolescente de 12. O corpo de Telma foi achado em Juatuba, na Grande BH. Ela morava sozinha e saiu de casa para ir a um salão de beleza, no Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, em BH. “Ela saiu do salão dizendo que ia se encontrar com o namorado, pegou um táxi e voltou para casa. Não sabemos com quem ela saiu de casa”, disse Maria dos Anjos. Segundo ela, a perícia constatou que usaram um objeto cortante para matar sua filha, como uma faca, facão ou foice.
A aposentada Maria da Glória Silva, de 61, do Bairro Lagoa, em Venda Nova, conta que passou 27 anos sendo agredida pelo marido. Ontem, ela foi à Praça Sete para conscientizar outras vítimas da violência doméstica. “Achava que um dia ele fosse parar de me agredir, mas isso não ocorreu. Quando eu vi que ia adoecer, procurei a Defensoria Pública e me separei dele. Há 11 anos, consegui a minha liberdade”, disse. A costureira Ilda Maria de Oliveira, de 69, conta que um ano depois de se casar começou a ser espancada pelo marido. “Ia à delegacia me queixar e eles ficavam rindo da minha cara. Não me esqueço disso. Depois, me separei do marido”, disse a costureira.
Homem detido por maus-tratos
Policiais militares do 39º Batalhão prenderam ontem o vendedor de salgados José Geraldo de Paula, de 45 anos, acusado de manter a mulher, Solange dos Santos Nascimento de Paula, de 30, em cárcere privado, há quase dois anos, numa casa alugada no Bairro Eldorado, em Contagem, na Grande BH. Muito magra e debilitada, a mulher foi levada com quadro grave de desidratação e anemia para o Hospital Municipal de Contagem. Ela não confirmou à polícia que era mantida trancada pelo marido. José Geraldo foi ouvido na 6ª Delegacia Seccional e, segundo o delegado Vitor Kildare Viana Perdigão, ele seria enquadrado no crime de maus-tratos, com omissão de socorro, com pena prevista de três meses a um ano de prisão. O suspeito disse que chegou a marcar uma consulta para Solange, no dia 4, mas ela se recusou a ir ao hospital.
Retirado do Jornal Estado de Minas (conteúdo restrito para assinantes)
Fonte: Jornal Estado de Minas