Publicado em: 17/05/2011 08:25:20
No Rio de Janeiro, dez estupros por dia. Uma estatística de horror. A boa notícia, segundos os pesquisadores, é que a mulher perdeu o medo de denunciar.
“Ele ia na minha casa quando minha mãe não estava. Ele me batia e depois ele começou a abusar”, comentou uma jovem, que relata a violência que sofreu por um conhecido da família. Na época, ela não teve coragem de denunciar o homem. Mas hoje, ao ver que ele cometia o mesmo crime contra uma amiga dela, procurou a polícia.
O estímulo veio também com as sessões de terapia no Centro Integrado de Atendimento à Mulher de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, mantido pelo governo do estado. “Eu não conseguia me abrir para os outros. Agora eu consigo falar bem mais sobre o assunto e agora eu sofro um pouco menos”, contou a jovem.
Um levantamento do Instituto de Segurança Pública mostra que vem aumentando o número de registros de violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro. No ano passado, os casos de estupro aumentaram 25% na comparação com 2009. O crime de ameaça cresceu 6%. Na maioria das vezes, o agressor conhece a vítima e até mora com ela.
O aumento da violência contra a mulher tem explicações, segundo a polícia. Elas estão denunciando mais. Outro fator foi a mudança do Código Penal, em 2009. Casos que antes eram chamados de atentado violento ao pudor passaram a ser tratados como estupro.
“Antigamente, apenas quando havia propriamente dita, que era a penetração vaginal é que era considerado estupro. Hoje, depois dessa alteração, na verdade qualquer ato libidinoso praticado tanto no homem como na mulher, pode ser enquadrado como estupro”, afirma a delegada Teresa Pezza.
“A gente acredita que as mulheres estejam mais confiantes, mais conscientes, mais informadas sobre os mecanismos de denúncia e que, por isso, esses registros tenham aumentado”, destaca Cecília Soares, superintendente dos direitos da mulher.
Uma mulher já conseguiu na Justiça proteção contra o marido. Ela o denunciou por violência patrimonial depois que ele destruiu todos os móveis da casa. No centro de atendimento, soube que poderia ter prestado queixa também por estupro, por ter sido muitas vezes obrigada a fazer sexo com ele.
“Eu não sabia que era estupro. Eu tenho aprendido tanto que eu tenho até ajudado outras mulheres no bairro. Muitas mulheres não sabem que sofrem a violência doméstica. Eu mesma não sabia”, contou a mulher.