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Afeganistão é o pior país do mundo para as mulheres viverem
Publicada em 16-06-2011
Relatório da Fundação Thomson Reuters
Afeganistão é o pior país do mundo para as mulheres viverem
15.06.2011 - 10:04 Por PÚBLICO
Afeganistão, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Somália são os cinco piores países do mundo para as mulheres nascerem e viverem de acordo com um relatório da Fundação Thomson Reuters, hoje divulgado. Abusos sexuais, raptos, pobreza e falta de acesso a educação e cuidados de saúde são os problemas mais comuns apontados pelo documento.
A violência contra as mulheres, os fracos cuidados médicos
e a pobreza extrema são os principais factores apontados
(Foto: Zainal Abd Halim/Reuters/arquivo)
A violência contra as mulheres, os fracos cuidados médicos e a situação de pobreza extrema são os principais factores que levaram os autores do relatório a colocar o Afeganistão no topo da lista dos piores países do mundo para se ser mulher, escreve o diário britânico Guardian.
O documento considera também “surpreendente” que a Índia surja logo nos primeiros cinco lugares, uma vez que o país conheceu recentemente um grande crescimento económico, sendo mesmo uma grande potência. No entanto, o relatório sublinha que ainda subsistem graves problemas ao nível do infanticídio e do tráfico sexual, com três milhões de prostitutas, 40 por cento das quais crianças.
Outros dos “nomeados” não ficaram surpreendidos com a inclusão na lista, com a ministra somali Maryan Qasim a afirmar ao mesmo jornal que o seu país deveria ser o primeiro na lista e não o quinto.
O relatório da Fundação Thomson Reuters agora conhecido pretende assinalar o lançamento do site TrustLaw Women, que tem como principal objectivo aconselhar juridicamente grupos de mulheres oriundas de todo o mundo.
Ainda sobre o Afeganistão, o documento salienta as altas taxas de mortalidade materna, o acesso limitado a médicos e um quase vazio de direitos económicos para as mulheres. Depois é ainda destacada a situação de permanente conflito no território, as barreiras à intervenção da NATO e algumas práticas culturais como a mutilação genital. “As mulheres que tentar denunciar a situação ou desempenhar cargos públicos que desafiem os estereótipos enraizados sobre o que é aceitável para uma mulher ou não, como trabalhar como polícia ou em meios de comunicação social, são frequentemente intimidadas ou mortas”, acrescentou Antonella Notari, dirigente da Women Change Makers, um grupo que ajuda mulheres empreendedoras em todo o mundo.
Violações constantes
No que diz respeito à República Democrática do Congo, a violência sexual foi o principal motivo encontrado para colocar o país no topo da lista. Um recente estudo dos Estados Unidos estimou mesmo que mais de 400.000 mulheres fossem violadas por ano naquele país, o que levou mesmo as Nações Unidas a dirigirem-se ao Congo como “capital mundial da violação”.
Já o Paquistão mereceu o terceiro lugar com base nas práticas culturais, tribais e religiosas contra as mulheres, o que passa por abusos, casamentos forçados e fortes ataques como assassinatos em nome da honra.
Por seu lado, a Somália, um Estado em desintegração política, regista altas taxas de mortalidade materna, inúmeros casos de mutilação genital, e graves falhas no acesso a educação e cuidados de saúde, não existindo mesmo cuidados pré-natais.
“Os perigos escondidos – como falta de educação ou acessos terríveis aos serviços de saúde – são tão mortais, senão mais, que os perigos físicos como violações e assassinatos”, destacou Monique Villa, da Fundação Thomson Reuters, que apelou ao empoderamento das mulheres e à sua inclusão no mercado de trabalho.
O relatório baseou-se nas respostas de mais de 200 profissionais de associações de ajuda internacional, académicos, profissionais de saúde, políticos, jornalistas e outros especialistas seleccionados pelos seus conhecimentos relacionados com a identidade de género. Os países foram avaliados para o ranking em termos de saúde, discriminação e falta de acesso a recursos, práticas culturais e religiosas, violência sexual, tráfico humano e conflitos relacionados com a violência.
Fonte: Publico pt