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Novo estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), feito com 7 mil famílias em 108 cidades do Brasil, comprova que o álcool funciona como “combustível” da violência doméstica. Nas entrevistas feitas durante um ano, os pesquisadores identificaram que em quase metade das agressões que acontecem dentro de casa (49,8%) o autor das surras estava embriagado.
A
relação entre bebida alcoólica e maus-tratos já era considerada pelos
especialistas, mas a evidência científica foi comprovada nacionalmente
só com o ensaio científico.
A tolerância à agressão também é
decifrada pela associação entre violência e álcool, afirma o autor da
pesquisa da Unifesp, o psicólogo Arilton Fonseca. “É muito mais fácil
perdoar quando o agressor bebeu. A vítima considera o álcool o culpado
e não o violentador. Acredita que, quando sóbrio, a rotina de violência
cessa.” Foi evidenciado ainda que violência impulsionada pela bebida
alcoólica persiste por mais de 10 anos. Outro aspecto está em classes
sociais. Dos agressores bêbados, 33% eram de classe média e 17%, de
classe alta.
Nos dados do Disque-Denúncia 180 - que recebe
ligações de todo País sobre violência doméstica, foi apurado que 48,7%
das vítimas agredidas não dependem economicamente do agressor, o que,
para Aparecida Gonçalves, mostra que o dinheiro não é fator principal e
exclusivo para que o ciclo de agressão seja perpetuado.
A
relação do álcool e o impulso para as agressões é fisiológica, explica
o pesquisador do Departamento de Medicina Legal da Universidade de São
Paulo (USP), Gabriel Andreuccetti. Segundo ele, a bebida etílica chega
ao cérebro, aguça o sistema nervoso simpático, rebaixa a crítica e
aumenta a agressividade.
A ressalva dos especialistas é que tanto violência doméstica quanto
consumo de bebidas alcoólicas são fenômenos complexos. No geral, um
funciona como fósforo aceso dentro de um barril de pólvora do outro. As
informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
(Fonte: Jornal Último Segundo)