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Violência doméstica prejudica desempenho escolar de crianças
Publicada em 23-07-2009
Por: Ray Santos

Pesquisa indica que, apesar disso, a capacidade intelectual das crianças é mantida


De acordo com artigo publicado pelo periódico científico Psicologia: Teoria e Pesquisa, crianças vitimadas por violência doméstica têm o desempenho escolar inferior a colegas da mesma sala de aula, mesmo sexo e mesma faixa etária, mas sem histórico do problema. O artigo, redigido por Paulo Celso Pereira – da Universidade Federal de São Carlos – e colegas, foi veiculado na edição de janeiro/março de 2009.

Segundo os autores, o objetivo do estudo foi caracterizar o desempenho escolar de crianças que haviam sofrido por violência doméstica e que foram, posteriormente, encaminhadas ao fórum judicial. Violência doméstica, conforme consta nos primeiros parágrafos do texto, se define por “a violência que ocorre no ambiente familiar” e tem como vítimas preferenciais “os idosos, os incapacitados, as crianças e a mulher. Essa violência pode causar ferimentos ou morte da vítima”.

Para a colheita dos dados apresentados no artigo, os pesquisadores selecionaram 40 crianças, de ambos os sexos, e as dividiram em dois grupos. Paulo e colegas utilizaram “vinte crianças com idade entre 7 e 10 anos, de ambos os sexos, estudantes de uma das séries do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, que residiam com as suas famílias. Essas crianças foram encaminhadas ao Setor Técnico de Psicologia do fórum da cidade de Catanduva-SP, o qual atende outros fóruns da região, por serem vítimas diretas e/ou indiretas de violência doméstica”. O segundo grupo pertencia às mesmas especificações, porém não apresentava histórico de violência familiar. Também foram utilizadas mães e professoras, para obtenção de dados.

Quanto à natureza das agressões, os autores receberam dados que informavam casos de violência conjugal e violência contra a criança. Eles explicam que para as crianças, “enquanto vítimas diretas, os agressores eram: pai/mãe (35%), padrasto (20%), mãe (15%), pai (15%), pai/mãe/padrasto (5%), tio materno (5%) e um amigo que sempre conviveu com a família (5%). O período de vitimização oscilou de 4 meses a 7 anos, sendo a média de 3 anos. A co-morbidade (mais de uma modalidade de abuso ao mesmo tempo) foi verificada em 50% das crianças; 20% eram vítimas de negligência; 15% de abuso físico; 10% sofreram abuso sexual e 5%, abuso psicológico”.

Mas a violência conjugal também ocupa um espaço importante no material obtido. Os autores afirmam que, do grupo de mães dos filhos expostos à violência doméstica, apenas três negaram casos de violência conjugal. E eles explicam que “das 17 que admitiram essa ocorrência, uma alegou que era ela quem agredia seu parceiro; nos demais casos (94,12%), as mulheres afirmaram serem vítimas. O período de violência entre o casal oscilou de 1 ano a 32 anos. Em 75% dos casos, a criança já estava exposta à violência conjugal (vítima indireta), antes de se tornar alvo direto da violência doméstica”.

Os autores constataram, nos resultados da pesquisa, que não houve diferenças significativas na capacidade intelectual das crianças dos dois grupos. Entretanto, eles afirmam que as crianças molestadas “têm o desempenho escolar inferior a seus pares, da mesma sala de aula, mesmo sexo e mesma faixa etária, mas sem histórico de violência doméstica”. Por exemplo, com relação ao nível de elaboração da escrita, “os dados obtidos mostraram que 45% das crianças do GA se encontravam no nível escreve palavras e texto (sem organização); 40%, no nível escreve palavras e texto (com organização); 15%, no nível com intenção de escrita; e 5%, no nível escrevia palavras (sem fazer texto). No GB, 90% das crianças escreviam palavra e texto (com organização) e 10% escreviam palavras (sem fazer texto)”. Esta mesma pesquisa também identificou, entre outras coisas, que alcoolismo e uso de drogas por parte dos pais contribuem negativamente para as notas.



Fonte: Jornal Dia a Dia
Fonte: Jornal Dia a Dia
 
 
 
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